Éramos 100%
Chegou hoje ao fim a mobilização maciça da EEB São Pedro. Ainda que sem os tão alardeados e comemorados 100% de professores em greve, pois devido aquela baixa lamentável logo após o apito inicial, tenhamos tido apenas uma semana de efetivo 100%. Mas sobre isso sem comentários.
Foram 28 dias épicos os que agora terminam.
O que certamente ficará é a lembrança da união desse grupo durante cada um dos dias de espera interminável, a solidariedade de uns para com os outros, o fortalecimento das amizades, especialmente dos recém chegados (como eu), mas principalmente ficará na lembrança o profissionalismo da imensa maioria.
Foram 28 dias atípicos.
Vimos pessoas pacatas as quais conhecíamos há tempos, se transformarem em ferrenhos defensores da Educação e da Carreira. Grevistas de primeira!
Vimos também surgir lideranças reais; e não me refiro aqui aos apenas agitadores, mas sim aqueles que tiveram um papel muito importante lá nos bastidores, animando, esclarecendo dúvidas, trazendo as últimas notícias, fazendo os cálculos, enfim, líder no sentido literal.
Foram também 28 dias de guerra.
Às vezes quente, às vezes fria, em outras vezes morna, mas ainda assim GUERRA!
Parabenizo esses guerreiros que por quase um mês deixaram as considerações pessoais de lado e pensaram apenas na nossa carreira. Alguns, que assim como eu fomos contemplados desde o início pelas inúmeras tabelas do governo, mas que dia após dia continuávamos, senão pelos demais que nada recebiam, mas por nós mesmos, pelo nosso caráter, nossa ética e nosso profissionalismo.
Quero que alguém ouse dizer agora que a classe do magistério é uma classe desunida. Mostramos o contrário! Quando a luta é justa estamos todos no mesmo barco.
Deixo aqui então minhas palavras de agradecimento aos nobres mestres que abdicam da luta nesse momento. Obrigado por ter estado ao nosso lado nesses dias conturbados. Creio que cada um tem os seus afazeres, a sua família, as suas obrigações, as suas prestações, etc. Então longe de mim esteja julgar a quem quer que seja. Tanto quem fica, como quem sai da greve tem as suas razões e motivações.
Quanto a mim, talvez resquício da recém passada adolescência, trago ainda muito rebeldia para queimar nesses próximos dias de greve. Aflige-me pensar nas responsabilidades, nas contas a pagar, na família que está a crescer, mas me aflige ainda mais imaginar um futuro semelhante ao presente! Então se for preciso outros 28 dias, estamos aqui.
Além do mais tendo a possibilidade de continuar na luta, não acho justo abandoná-la. Chega a ser uma questão mística até. Nesse ano tomei a decisão de sair da EEB Alfredo Zimmermann onde trabalhei nos últimos 04 anos e digo que não podia ter sido em melhor hora. Haja vista a situação dividida daquela escola e a minha própria indecisão frente a greve nos primeiros dias, não sei qual seria minha posição se por lá ainda estivesse. Então só tenho a agradecer, se a Deus ou ao Acaso, não sei, mas estou aonde eu deveria estar!
Forte abraço a todos! Prof. Tiago Nascimento
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